24 de jul. de 2015

Desencontrei comigo mesma

Já faz algum tempo que eu venho me sentindo estranha comigo mesma. Me olho no espelho e simplesmente não me reconheço mais. Meu cabelo parece que não é meu. Minhas roupas parecem que não são mais minhas. Escuto algumas músicas e pauso tempos depois porque acho todas um saco. Acesso o Pinterest e parece que nada daquelas milhões de coisas me interessam mais. Minhas unhas não veem um esmalte vermelho há meses, e olha que era a minha cor favorita. Minhas botas eu nem uso mais. Olho pro meu guarda-roupas e sinto vontade de chorar. Acordo cedo, fecho os olhos, pego qualquer coisa que minhas mãos alcancem, calço uma sapatilha e vou trabalhar. Antes eu não saia por necessidade de parar com a balada e economizar. Agora eu simplesmente não saio por opção: ter que me vestir é um terrível de um sacrilégio.
Coloquei um monte de roupas minhas pra vender, metade já se foi e eu não senti falta de nada. Eu poderia até vender tudo, na verdade. Que talvez nem assim desperte algum sentimento em mim.
Eu, definitivamente, perdi o jeito de me vestir. 
Sinto como se isso tudo fosse como o término de um longo relacionamento: a roupa tá lá, te fazendo companhia, todo dia indo juntos pros mesmos lugares, e daí vem a inevitável rotina... até chega uma hora que cansa. Você quer novidade, fica com medo de trocar o certo pelo duvidoso e aí acaba ficando acomodada com aquela situação. Até que um dia você acorda, a ficha cai e você se dá conta de que não dá mais pra viver daquele jeito. Bate a bad, você tenta resistir, tenta continuar... mas não. Chega o momento de revolta e você PRECISA se desfazer dessa situação.
Um pouco dramático, eu sei. Mas foi basicamente assim que eu me senti quando percebi que não queria usar mais as roupas que eu levei anos pra juntar e que foram motivos de tantas dívidas no meu cartão.
Mas sabe, não estou dizendo que me sinto arrependida. Foi bom enquanto durou. Fomos felizes, nos divertimos, mas não dá mais pra continuar. Talvez uma ou outra coisa ainda permaneça, mas a real mesmo é que eu cansei. Cansei das minhas roupas. Cansei do meu cabelo. Cansei das mesmas bandinhas indies do spotify, cansei de gentinha pseudo-famosa de internet que se acha melhor do que os outros só porque tira umas fotos legais mas nunca sequer lavou uma louça ou um banheiro. Cansei. Queria gritar um belo "foda-se" pra isso tudo. Queria sumir. Queria mudar.

Precisei de muito tempo pra absorver e processar toda essa ideia que a princípio parecia muito maluca, mas, escrevendo esse texto, me dei conta de que fazia mais de 1 ano que eu já vinha me sentindo "deslocada" comigo mesma em vários os sentidos. É como se eu mesma estivesse me deixando aos poucos... Me olhava no espelho mas não via mais a Vanessa ali. Via uma garota que estava se sentindo exausta com absolutamente tudo. Tentei fingir que não estava acontecendo nada mas foi preciso muita coisa até eu cair na real:
parei de ir em showzinhos da cidade porque não suportava mais olhar pra galerinha de sempre. Todos ali se achando que eram os diferentes mas todos eram exatamente iguais. As mesmas músicas. Os mesmos papos. Fiquei com preguiça de sair pra não precisar passar nervoso ao me vestir, meu gosto pelo mundo fashion se aniquilou completamente e consequentemente eu perdi a vontade total de continuar com o blog.
Afinal, porque falar de moda se eu estava odiando o mundo da moda? Pra quê fazer looks do dia se pra ir trabalhar eu ia de shortinho chinelo e camiseta pronta pra colocar meu uniforme? Pra quê falar de maquiagem se eu nem sabia mais o que era uma base nova ou um batom?
O mundo real bateu à minha porta, a bad entrou junto, os dois fizeram morada mas graças a Deus com muito esforço eu consegui os expulsar.

Ainda estou buscando, pouco a pouco, aquilo que faz eu me sentir bem. Ainda passo um pouco de nervoso olhando o Pinterest pois sinto que nada me satisfaz. Ainda estou pensando se pago aquela fatura da Renner ou se deixo pro mês que vem e compro minha tão sonhada base da MAC. Ainda estou relutando em desistir da ideia de ter o cabelão na bunda novamente e voltar com o chanel. Ainda me dá um nervoso toda vez que boto uma playlist pra tocar no Spotify porque é como se meus ouvidos não aguentassem. Mas se coloco um eletro-pop ou um sertanejo... eu passo o dia incrivelmente bem.
Talvez seja a crise dos 25 (que completo em outubro), a maturidade ou só o cansaço da vida mesmo batendo na minha porta... mas de uma coisa eu sei: hoje eu tô amando essa confusão toda. Acordei feliz, inspirada, e mesmo que ainda existam muitas dúvidas na minha cabeça, nada como o tempo pra gente se superar.

 

Beijos e uma ótima sexta-feira!



4 comentários:

  1. Van, quanto tempo mulher, bom te ver aqui!
    Olha, se é a maturidade eu realmente não sei te dizer, mas eu me senti exatamente igual quando tinha meus 15 anos, andava com o pessoal popular da escola, que só ligava pra matar aula e beber, aumentar o tamanho do alargador ou fazer tatuagem, metade deles sumiu da minha vida, outra metade não terminou nem o ensino médio porque continha achando que as diversões da vida são melhores que isso, e eu graças a Deus acordei sabe? A gente tem que se aceitar, tem que mostrar pra pessoa quem realmente somos, porque ficar vivendo de status sendo apenas mais um espelho de quem nos rodeia, é pouco. Precisamos ser mais, mesmo que isso seja um tapa na cara, nos aceitar é o primeiro passo pra felicidade, e eu fico muito feliz de te ver assim! Inclusive vejo as suas fotos com o João no Instagram e fico mais feliz ainda, é ótimo ver alguém da antiga blogosfera radiante, falo com sinceridade. Gosto muito de você!

    Novembro Inconstante

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  2. Vanessa, é tempo de transformação e isso é um máximo. Sabe aquilo que dizem que a noite é sempre mais escura antes do amanhecer? (eita bregueira, tirei de batman), então. ce tá pronta pra uma revolução na vida e as coisas de antes serão substituidas por coisas maiores e melhores e junto com isso uma outra forma de expressão. Força e inspiração!!

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  3. Primeiro: que saudades de post neste blog tão amado!♥
    Segundo: dá cá um abraço. Tem entendo tanto!
    Claro que as 'bads' vem pra cada um de um jeito diferente, mas elas sempre vem né?! É bom saber que não estamos sozinhas no mundo onde algumas coisas simplesmente não nos satisfazem mais.. Essa coisa toda de 'se cansar'.. nossa, como me vi na sua descrição. Quando aconteceu comigo (a pouco tempo), não teve a ver com roupas, mas em olhar como é tudo vazio e fachada, e quanto a gente muitas vezes se esforça pra fazer algumas coisas darem certo e elas simplesmente não dão.

    Espero que isso passe e uma dica, Van: faça sempre o que te faz bem. Seja sertanejo, chinelo ou cara limpa!
    Beijos, da sua fã!♥

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  4. Ô, senti um bocado de mim nesse texto, e olha que nem cheguei aos 20. Mas na real, isso não tem a ver com idade, é coisa da gente mesmo. Uma hora ou outra esse sentimento de mudança e maturidade sempre chega.
    De qualquer forma, acredito que você deveria continuar com os posts do blog porque adoro o que você escreve, ainda que não seja sobre moda ou maquiagem. Um texto como esse motivou a mim (e com certeza à outras pessoas) a pensar um pouquinho sobre a vida e o que tem feito.
    Se você tiver na nostalgia do indie rock, vai lá no blog que tem uma playlist nacional com músicas bem diferentes do que costumamos ouvir, acho que você vai gostar <3
    Tô na fase de desapegar das roupas, abrindo um bazar online.. Me livrei um pouco das festas mas ainda tô com dúvida de trocar o certo pelo duvidoso e imaginar o quanto poderia estar legal a festa ainda que seja rotineira.
    Keep calm and carry on...

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