30 de nov. de 2015

Um pequeno (longo) desabafo

Sempre achei essa coisa de blog e instagram um escape pra ostentar uma vida perfeita. Procurava ao máximo mostrar nas redes a minha vida como ela realmente era: sem photoshop, sem luxo, sem nada que pudesse mostrar uma imagem diferente da que eu realmente era. Roupas comuns, de lojas comuns, momentos de alegria e tristeza, enfim. Real como a vida deve ser. E ao mesmo tempo via várias garotas pela internet  no estilo good-vibes-praia-suquinho-herbalife, e as julgava como sendo falsas, metidas, como se tudo aquilo ali fosse algo ruim, sabe? Como se quisessem passar uma imagem falsa de si mesmas, vivendo num mundinho mágico, afinal, muito fácil ter a vida perfeita quando se tem família e tem dinheiro, não é mesmo?
Não, não é.
Todos nós temos problemas. Todos nós temos dificuldades e desafios. Todos nós temos dores, feridas que ainda não foram cicatrizadas, medos e angústias das quais precisamos lidar diariamente. 
Sempre acreditei que o que diferenciam as pessoas uma das outras era o modo que elas lidavam com seus problemas. Como agiam diante de determinadas circunstâncias era o que determinava seu caminho para uma vida feliz e estabilizada. E eu, definitivamente, não estava mais fazendo a diferença.

Cheguei num ponto obscuro em que os meus problemas se tornaram maiores do que os de todo mundo e então eu deixei de ter empatia pelas pessoas. Já não conseguia mais olhar pro meu próximo de maneira que eu pudesse me importar, entender, e ter paciência para ouvir os seus problemas. Quanto mais o nível do meu estresse elevava, mais eu brigava, problematizava, reclamava... e isso cansa, sabe? Cansa muito. Houve um momento em que só tinha energias ruins em volta de mim. Estava tudo muito tenso. Perdi amigos, perdi colegas, perdi oportunidades de networking. Eu só brigava. Discutia. Expus pessoas. Inferiorizei e minimizei muitos sentimentos. Quem desejaria ter alguém assim por perto? Nem eu me aguentava mais. Foi aí que, assustadoramente, eu me vi exausta de mim mesma.

Num desses dias lutando contra a insônia de madrugada, fui ver um certo feed no Instagram. Rolando aquele perfil senti algo muito bom, como se aquela pessoa me transmitisse certa paz, sabe? Subitamente me recordei do dia que eu vi o mesmo feed, a mesma foto e tinha um comentário dizendo exatamente isso, que na hora me fez soltar um "nossa, que vida falsa, que pessoa mais sem sentido, quem é que poderia sentir paz com uma foto dessas?" E então, eu entendi o verdadeiro sentido daquele velho ditado: a beleza está nos olhos de quem vê.
E eu já não via beleza alguma nessa vida.

2015 foi um ano extremamente difícil. Morte de familiares, problemas financeiros, crises no relacionamento, insatisfação profissional e traumas profundos do passado vieram à tona e eu simplesmente não soube lidar. Não soube mais administrar as situações em que eu me encontrava. Perdi minha sensatez, perdi meu equilíbrio, perdi o foco da minha vida. Quanto mais eu pensava nisso, mais ansiosa eu ficava. A ansiedade se transformou numa terrível crise de pânico e aos 25 anos eu me entreguei à depressão.
Ter pessoas do meu lado que me ajudaram a enxergar o quão mal eu estava fazendo não só pros outros como principalmente pra mim mesma foi essencial. Entender a situação te leva a aceitar o quão urgente e necessário é buscar ajuda de um profissional, mesmo que isso seja um processo muito doloroso e difícil. Não é fácil pra mim aceitar que não consigo lidar sozinha com os meus próprios problemas, não é fácil aceitar que a minha própria mente eu não consigo controlar. Não é fácil, mas é extremamente necessário na minha vida.

Portanto, busquem ajuda. Não deixem se afundar. Não deixem que a vergonha te impeça de pedir ajuda, não deixem que os problemas tomem conta do teu sono. Não deixem que seu corpo e sua mente, cheguem ao limite. Não se culpem por não saberem lidar diante de determinadas situações. Temos toda uma sociedade nos enlouquecendo e depois nos culpando fortemente por isso. Mas por favor, não façam isso. Não se culpem. Passar por tudo o que passamos e manter o mínimo de sanidade mental possível parece muito fácil pra quem está de fora, mas é difícil pra caralho pra quem vive esses traumas todos os dias.


Grande beijo,
Vanessa.